Todos os anos, lá pelo mês de novembro ou dezembro, atualizamos este post. O André Rosa e eu trazemos aqui as tendências para o ano seguinte. Nosso propósito é registrar o que os principais especialistas em marketing digital e content marketing preveem para o amanhã.
Você lerá a seguir não apenas as últimas previsões feitas, mas também as registradas nos anos anteriores. Isto serve, inclusive, como um registro histórico do que o mercado esperava para o futuro ano após ano. Quanto mais antiga a previsão, mais fácil saber se ela se um dia se confirmou ou não.
Tendências de marketing para 2021
- Expectativa realista para a inteligência artificial — e o consequente uso mais eficiente dessa tecnologia. O que queremos dizer com isso é que em certo momento se criou a expectativa de que os robôs fossem substituir os humanos, fazendo lembrar o filme Matrix. Em 2017, por exemplo, uma marca de lingerie chegou a dispensar sua agência e trocá-la por AI. Calma lá. Os robôs são, pelo menos por enquanto, apenas uma ferramenta à nossa disposição. O Smart Insights calcula que apenas 10% a 15% das empresas realmente tenham hoje capacidade de usar AI em seu dia a dia de marketing, e quase sempre para otimizar as atividades de seus times. Talvez vejamos um pouco mais do que chatbot, como sugeriu um artigo recente da Forbes.
- Ativismo de marca (brand activism): algumas marcas decidem abraçar causas em prol de meio ambiente, diversidade, antirracismo ou qualquer outro valor que lhe seja verdadeiro. E está aí um ponto importante: a mensagem precisa ser carregada de verdade. Este é, inclusive, um dos pilares do marketing de confiança. Houve casos recentes de marcas que fizeram campanhas desse tipo. Alguns exemplos: a Ben & Jerry’s decidiu defender a bandeira da sustentabilidade, a Nike adotou o jogador de futebol americano e ativista Colin Kaepernick como garoto-propaganda e o Bradesco se posicionou a favor da diversidade. Contei os dois últimos casos no mesmo post do marketing de confiança. Também nele, há um exemplo de empresa menor: o Café Brasil, que assume uma postura liberal no espectro político. Para se ter uma ideia da força dessa tendência, em janeiro de 2020 Christian Sarkar e Philip Kotler lançaram o livro Brand Activism: From Purpose to Action.
- Maior atenção das pessoas em relação aos dados pessoais. E clareza também. O fato é que ninguém acordou ainda para a questão dos dados pessoais. As empresas ainda parecem mais preocupadas em como obedecer à LGPD do que os próprios cidadãos em ter seus dados respeitados. O fato é que a lei entrou em vigor em agosto, mas muito pouco se falou dela. A Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) nem sequer foi formada, as empresas ainda não foram efetivamente cobradas e fica a sensação de que as empresas apenas pisam em ovos. Nossa aposta é de que, no final de 2021, o cenário estará diferente. Será preto no branco: o que pode, pode, o que não pode, não pode — e alguns casos terão deixado mais claros os limites da atuação para várias áreas tanto no mundo online quanto no offline.
- Por muito tempo, ouvimos falar sobre as vantagens do 5G. Há grandes chances de elas se intensificarem. Ainda é preciso cautela em relação a forma como o Governo Federal vai seguir com o leilão de frequências para a rede, marcado para o primeiro semestre. Caso o cronograma prossiga, há chances de compreendermos as aplicações envolvendo velocidade e latência de conexões de forma frequente.
- As plataformas de hospedagens de podcasts começaram em 2020 a oferecer com grande facilidade a inserção de anúncios programáticos em podcasts de uma forma similar ao YouTube. Com um clique, você inclui ads sem precisar ter um time comercial ao seu lado. O Spreaker, onde hospedamos o Podcast Takeaways, e do qual somos parceiros, é um exemplo de quem oferece esse serviço. Aliás, entre janeiro e novembro de 2019, os podcasts da rede Voxnest (à qual pertence o Spreaker) registraram no exterior um crescimento de 138,5% no faturamento vindo de anúncios programáticos. É só ligar os pontos e verificar que se trata de uma tendência no Brasil. Sem contar que a pandemia talvez gere uma demanda reprimida. Uma pesquisa da CBN com podcasters brasileiros mostrou que as pessoas ouvem podcast quando estão em transporte público ou particular (79%), ocupadas em tarefas domésticas (68%), malhando (46%), trabalhando (39%), navegando na web (39%) ou se preparando para dormir (35%). Na quarentena, parte desses hábitos foi deixada de lado por muita gente e, assim, o consumo de podcasts caiu. Relatos informais — mas constantes — de grandes podcasters deram conta de queda de algo em torno de 30% de audiência na pandemia. Não são números oficiais, mas é um dado a considerar. Conforme as pessoas voltarem à rotina normal, é de se supor que a audiência volte ao crescimento normal ou até superior ao período pré-Covid-19. E, com ela, o crescimento dos anúncios deve ocorrer também. Em tempo: tínhamos previsto isto para 2020, mas erramos. Vamos tentar de novo em 2021.
- Conteúdo programado para voz. Segundo a ComScore, metade das buscas será feita por voz. Quando se fala em busca, não pense apenas no Google. Pense também no seu smartphone e em mecanismos como Siri (Apple), Alexa (Amazon) e Cortana (Microsoft), que ganham força a cada dia. O site Voice Bot listou em 2019 os tipos de busca mais feitos por voz. O campeão é fazer uma pergunta do dia a dia. Em seguida, aparecem pedir para tocar música, checar previsão do tempo, ligar o alarme da casa, ligar o timer e ligar o rádio. Muitos times de marketing vão começar a conversar em 2021 sobre conteúdo para dispositivos de áudio, e não apenas para ranqueamento no Google. Ok, esta é uma previsão que já foi feita de certa forma em 2019 e 2020. Mas seguimos tratando como tendência para 2021.
As fontes selecionadas para as previsões de 2021 foram Break Line Agency, Content Marketing Institute, Delloitte, Envato, Forbes e Smart Insights.
O livro Content Marketing Masterclass foi lançado em setembro deste ano e está disponível nas versões impressa e Kindle. São 52 aulas transformadas em 52 capítulos.
Tendências de marketing para 2020
- As empresas vão focar não apenas e qualidade de conteúdo, mas também em personalização. E, quando se fala em personalização, não se trata apenas do velho truque de usar uma variável do primeiro nome ou da empresa do destinatário do email marketing. É realmente segmentar a mensagem certa para o público certo na hora certa. A Inc. Magazine, por exemplo, destaca que 63% dos consumidores estão fartos de anúncios genéricos. Tanto que 80% estão propensos a comprar de empresas que oferecem experiências customizadas.
- A rede social TikTok está em alta. Já tem 1,5 bilhão de usuários e deve ganhar força no Brasil em 2020. Sua característica são os vídeos curtos já bastante populares no Instagram e nos grupos de WhatsApp. Resta saber como as empresas poderão tirar proveito disso.
- O smart speaker já é popular nos Estados Unidos e deve ganhar força no Brasil em 2020, abrindo uma oportunidade para conteúdo de voz em content marketing. Aliás, falamos sobre essa tendência no ebook sobre o Content Marketing World de 2019. O fato é que, de acordo com a ComScore, mais de 50% das buscas já vão ser feitas por voz em 2020. O smart speaker vai ser apenas um novo dispositivo em que essa forma de busca vai acontecer.
- Role a tela para baixo que você verá que 2019 era apontado como o ano em que os podcasts ganhariam força no Brasil — e, de fato, ganharam. Isso se deveu a um fato que, na realidade, não estava no radar: a entrada da Globo nessa mídia. Para 2020, o que vai entrar em cena são os anúncios programáticos dentro dos podcasts, de forma muito parecida ao que vem acontecendo no YouTube. Várias empresas já se especializaram nesse serviço e eles devem começar no Brasil pelas mãos dos grandes players de mídia e talvez de alguns grandes podcasters também.
- O SEO não vai sair de cena tão cedo. Mas, em 2020, ele deve se modificar mais intensamente. Vai ficar ainda mais “natural” para quem produz conteúdo. Em outras palavras: para redatores, SEO será cada vez mais uma questão de escrever bem, sem se preocupar tanto com artimanhas de palavras-chave. O Google deseja que os produtores de conteúdo escrevam para os seres humanos — e não para os robôs. Seus algoritmos e sua inteligência artificial são plenamente capazes de copiar o comportamento humano. Portanto, o “SEO invisível” é a tendência para 2020.
As fontes selecionadas para as previsões de 2020 foram Single Rain, Search Engine Journal, The Verge e Marketing Week, além da já citada Inc. Magazine.
Tendências de marketing para 2019
- Pesquisas por voz já eram uma tendência, mas vão ganhar força a ponto de, em certo momento, se tornarem tão importantes quanto a busca por texto. De acordo com um estudo da National Public Radio, 42% dos americanos já consideram a busca por voz um elemento essencial. Aos poucos, esse hábito vai se espalhando pelo mundo, uma vez que smartphones estão por todo lugar.
- Haverá uma “netflixização” do mercado. O modelo VOD (video on demand) criado pela Netflix, com plataforma própria repleta de conteúdos exclusivos e de terceiros, vai ser adotado por gigantes como a Disney, que já anunciou que lançará o Disney+. Emissoras de TV, como a Globo, que tem o Globoplay, também já seguem essa direção. Operadoras de TV por assinatura, como a Sky, também.
- O conteúdo interativo, como gráficos, vídeos e imagens que permitem que o leitor clique e navegue como preferir, também estará mais no radar das empresas. Isso talvez não seja observado tão cedo no Brasil, e sim nos Estados Unidos. De acordo com a pesquisa Interactive Content Study, feita por Content Marketing Institute e Ion Interactive em 2017, 87% dos profissionais de marketing concordam com a afirmação de que, quando interativo, o conteúdo prende a atenção do leitor mais do que quando é estático.
- Textos longos, com 2.000 palavras ou mais, serão mais valorizados não apenas em blogs mas também em redes sociais. Uma pesquisa do BuzzSumo, com 100 milhões de artigos, sugere que os posts mais longos geram melhores resultados — em determinadas redes sociais, inclusive.
- Podcasts vão se popularizar no Brasil. De acordo com a Podpesquisa, feita pela Associação Brasileira de Podcasters (ABPod), 92% dos brasileiros que ouvem podcasts o fazem de seus smartphones. Aplicativos populares, como o Spotify, já permitem que se ouça podcast com um clique. Em 2014, indicamos o podcast como tendo crescimento provável nos Estados Unidos a partir de 2015. Isso se confirmou e agora a mesma predição vale para o Brasil.
- O marketing de influência crescerá fortemente no Brasil. Já foi apontado como tendência anteriormente em outros países e agora terá crescimento acentuado no Brasil. Isso inclui microinfluenciadores. A confiança e a humanização são a base dessa tendência. De acordo com um estudo da Nielsen, 92% das pessoas confiam em recomendações de produtos de outras pessoas, mesmo que não as conheçam.
- A crise de empresas de mídia tradicionais vai se acentuar. Basta analisar o panorama do mercado hoje. Empresas de qualquer natureza viram empresas de mídia. Influenciadores também ganham força como players de mídia. Quem antes criava séries agora tem sua própria plataforma. E quem era plataforma agora cria séries, filmes e documentários. E o público gosta disso tudo. Resultado: as empresas tradicionais de mídia, como emissoras de TV e rádio, jornais, sites e revistas terão ainda mais concorrência. Sua reserva de mercado está definitivamente acabada. As notícias de demissões em redações e falências já frequentes no Comunique-se vão se intensificar. Muitos jornalistas terão de se reinventar.
- As aquisições de empresas ligadas a comunicação e tecnologia vão acontecer no Brasil com mais intensidade. Em outubro de 2018, por exemplo, a Accenture comprou a New Content, uma das mais premiadas e importantes agências de content marketing do Brasil e do mundo. Aquisições vêm sendo tendência nos Estados Unidos há alguns anos. Alguns exemplos reforçam essa ideia, como a compra do WhatsApp pelo Facebook, do LinkedIn pela Microsoft, do The Washington Post pela Amazon e tantas outras. Isso agora vai chegar ao Brasil.
- Os chatbots serão incorporados definitivamente por empresas na interação com o público. Segundo o Marketing Insider Group, os chatbots “vão se tornar o modo padrão do serviço de atendimento ao cliente (SAC), substituindo agentes humanos com frequência cada vez maior”. Isso acontece à medida que o machine learning e a inteligência artificial, apontadas como tendências para 2018, se desenvolvem a passos largos.
- O WhatsApp vai se tornar uma importante plataforma de anúncios. A notícia de que ads serão incorporados ao aplicativo, que pertence ao Facebook, foi feito em novembro de 2018. Tornar-se uma ferramenta popular entre profissionais de marketing é uma questão de tempo.
- Ainda em relação a anúncios, o remarketing vai ser mais usado do que a compra de palavras-chave. A eMarketer prevê que, em 2019, os anúncios exibidos em display receberão investimentos 28% maiores do que a compra de palavras-chave.
As fontes selecionadas para as previsões de 2019 foram Business to Community, Core DNA, Forbes, Inc. Magazine, Marketing Insider Group, Search Engine Watch, Social Media Today e Top Rank Blog.
Tendências de marketing para 2018
- As empresas vão intensificar o uso de dados em processos como machine learning (uma derivação de inteligência artificial) e de automação — não apenas de marketing mas de outros processos.
- Apesar dos dados estarem cada vez mais acessíveis, haverá maior preocupação com a observação do comportamento das pessoas em vez de simplesmente observar dados e números. Assim, o conteúdo será cada vez mais individualizado.
- Por uma questão de ganho de produtividade, as empresas farão mais co-criação de conteúdo, com parcerias com outras empresas e com influenciadores.
- As empresas buscarão mais meios de produzir conteúdo com qualidade e em escala — e não apenas em quantidade.
- Também preocupados com qualidade do conteúdo, os influenciadores usarão mais o conceito de storytelling.
- O native advertising vivenciará um reaquecimento após ter sofrido certo esfriamento.
- Conteúdos de marcas começarão a usar realidade virtual e realidade aumentada.
- Os budgets de marketing continuarão crescendo para 1/3 das empresas conforme prevê um estudo do Kapost.
- Haverá mais aquisições de empresas que já produzem conteúdo por aquelas que buscam se comunicar com seus públicos.
- Mais empresas de grande porte buscarão transformar seus departamentos de marketing em áreas geradoras de receita, como prevê o livro Killing Marketing (leia abaixo).
- Haverá ainda mais casos de fake news.
- As buscas por voz terão mais impacto na forma de pensar conteúdo e SEO.
- Continuarão em pleno crescimento tendências de marketing apontadas anteriormente, como vídeo online, live streaming, marketing de influência.
As fontes selecionadas para as previsões de 2018 foram Business 2 Community, Content Marketing Institute, Convince & Convert, Entrepreneur, Forbes, Inc. Magazine,
Tendências segundo um livro
Em setembro de 2017, Robert Rose e Joe Pulizzi, do Content Marketing Institute lançaram o livro Killing Marketing, que propõe uma mudança na função do marketing. A proposta é que os departamentos de marketing deixem de ser um mero suporte para vendas e se transformem em geradores de receita. Isso, no entanto, demanda uma mudança drástica na cultura de marketing das empresas. E é justamente isso que os autores encaram como uma tendência — e uma oportunidade ao mesmo tempo.
Uma fonte de inspiração é um episódio ocorrido na indústria do cinema. O diretor George Lucas ganhou notoriedade em 1973 com o sucesso do filme Loucuras de Verão. Logo em seguida, entrou de cabeça no projeto de Star Wars. No entanto, a direção da Fox não acreditava no título por achar que havia muitos lançamentos de ficção científica naquele período do final da década de 70. Para reduzir os custos de produção, fizeram uma proposta ao George Lucas: em vez de pagar os US$ 500 mil de cachê, cederiam a ele os direitos de merchandising do filme. Afinal, merchandising não gerava muito dinheiro.
George Lucas aceitou e não se arrependeu. Entre 1977, quando o filme foi lançado, e 2015, quando a Disney lançou a nova versão de Star Wars, merchandising gerou US$ 12 bilhões. Em bilheteria, única fonte de receita até então, Star Wars arrecadou menos da metade: US$ 5 bilhões. Isso significa que o mercado da época só acreditava em receitas de bilheteria. Mas George Lucas encarou o negócio de uma forma totalmente diferente, o que mudou a indústria do cinema para sempre.
Será que o marketing não precisa fazer o mesmo? Será que o marketing não pode mudar o mindset? Há alguns bons exemplos no mercado, como Lego, TAM e Red Bull, cuja revista Red Bulletin tem tiragem de 2 milhões de exemplares, incluindo 550 mil pagantes. Outras empresas começam a fazer o mesmo.
Killing Marketing explicado por um dos autores
Joe Pulizzi, um dos autores do livro Killing Marketing, explicou no nosso podcast, o Takeways, o propósito do livro:
“O ponto de partida é inédito para nós, pois trata de um tema sobre o qual nunca escrevemos antes. O livro apresenta um modelo de negócios. O foco é a seguinte questão: content marketing e a construção de públicos podem de fato ser um novo modelo de negócios? De fato, esse modelo proposto enxerga o marketing como uma área geradora de lucro.
A maioria dos estrategistas e dos autores de marketing vai achar isso uma loucura. Eles vão responder algo como ‘marketing se destina a vender mais produtos e serviços’. Mas nós realmente vemos que os modelos de negócios de vanguarda tratam, sim, o marketing como uma área geradora de lucro. Por isso, acredito que estejamos vivendo hoje o melhor momento para se trabalhar como profissional de marketing.”
Tendências de marketing para 2017
No final de 2016, as tendências de marketing apontadas para 2017 foram:
- Novos formatos e canais de conteúdo serão criados. As empresas vão atuar mais no mundo “figital” (físico + digital).
- As empresas buscarão segmentos mais específicos e nichos.
- Vídeos serão coroados como o rei do conteúdo, especialmente os curtos.
- Os números do content marketing vão ultrapassar a propaganda tradicional.
- Empresas vão intensificar a aquisição de outras empresas, incluindo sites de mídia e blogs de influenciadores.
- Em função do tópico anterior, agências perderão espaço e terão de se reinventar. As empresas vão preferir ter as próprias equipes de conteúdo para garantir a autenticidade do que publicam.
- As empresas de mídia tradicional, por sua vez, vão aderir cada vez mais ao modelo de assinatura paga. Profissionais de content marketing vão intensificar o uso de meios pagos para distribuir conteúdo.
- A tecnologia ganhará importância em content marketing, intensificando a ascensão de conceitos como conteúdo inteligente, realidade virtual, realidade aumentada e inteligência artificial.
- Storytelling terá cada vez mais peso, mas com um alerta: as gerações mais jovens demandarão conteúdo não-ficcional. Querem histórias reais. Isso obrigará as marcas a abraçar a cultura do “não me conte, me mostre”.
- A demanda por resultados reais, que gerem retorno sobre o investimento (ROI) mensurável, provocará o apocalipse do content marketing em muitas marcas.
- Facebook e Google continuarão a dominar os budgets entre as plataformas digitais. Os demais continuarão a encolher.
- O conceito de buyer personas vai começar a morrer. As empresas vão buscar a personalização efetiva do conteúdo.
- O conceito de mobile first, que já figura há tempos entre as tendências de marketing, continuará crescendo, mas isso não se refletirá, pelo menos por enquanto, em receitas.
- As empresas vão começar a abandonar o native advertising.
- Podcasts ganharão ainda mais força, especialmente aqueles voltados para as gerações mais jovens, como os millennials.
As fontes consultadas para apontar as tendências de marketing para 2017 foram Convince & Convert, Content Marketing Institute, Podcast PNR This Old Marketing, Contently, Mashable, Blog de Brian Honigman e Growth Gurus.
Tendências de marketing para 2016
No final de 2015, as tendências de marketing apontadas para 2016 foram:
- Content shock tornando-se mais intenso.
- Terceirização da produção de conteúdo.
- Esforço das marcas para fidelizar seus públicos.
- Mobile first — inclusive por parte do Facebook.
- Maior presença de conteúdo inspiracional, curadoria e vídeo nos planos de content marketing das empresas.
- Conteúdos efêmeros, como Snapchat e live streaming.
- Crescimento de plataformas de distribuição de conteúdo proprietárias, como Apple News, Amazon Fire TV, Facebook Instant Articles, Google AMP, Twitter Moments e Snapchat Discover.
- Native advertising.
- Aquisição de empresas de mídia por outras.
- Instagram tornando-se tão forte quanto Facebook e Twitter.
- “Pay for play”: maior necessidade de pagar para distribuir conteúdo.
- Aceleração do crescimento das ferramentas de automação de marketing.
- Maior presença de algoritmos em content e inbound marketing.
- Maior pressão por ROI.
- Fortalecimento das buscas por outros meios além do Google, como YouTube, redes sociais, SIRI e outros.
As tendências de marketing de 2016 foram extraídas de textos publicados por Business to Community, Contently, Content Marketing Institute, eConsultancy, eMarketer, Forbes, iMedia Connection, Marketing Profs, Meme Burn, Nieman Lab, Pardot e Social Media Today.
Embora não tenha figurado entre as tendências de marketing para 2016, um fato se concretizou em maio daquele ano: a queda da publicidade online. O autor Doc Searls publicou no Medium uma série de artigos extraídos de seus estudos e livros. Neles, o americano abordou o declínio da publicidade online. Extraímos do post publicado em 9 de maio os três gráficos abaixo, que apresentam números capazes de dar uma dimensão do estado da publicidade no mundo digital.
Até 2011, os valores para anunciar no Google vinham crescendo. No entanto, desde 2012, o custo por clique vem caindo. Por exemplo, em 2015, foi cerca de 11% inferior ao ano anterior.

Isso se explica, em parte, pelo crescimento da quantidade de usuários que usam os chamados ad-blockers — ou bloqueadores de anúncios. No último trimestre de 2015, 16% dos internautas faziam uso desse recurso. É o dobro do percentual registrado em meados de 2013.

Para se ter uma ideia, até em dispositivos móveis a prática já pegou. Quatro em cada dez usuários de smartphones e tablets usam recursos de bloqueio de anúncios.
A resistência à propaganda vem provocando um contraste entre vendas e gastos. Pelo gráfico abaixo, que usou cinco grandes e-commerces como referências, somente o eBay teve aumento de vendas proporcionalmente maior que o aumento de investimentos em publicidade online. Para Amazon, TripAdvisor, Expedia e Priceline, foi menor.

Há muitas explicações para esse fenômeno — e nenhuma delas é definitiva. O content marketing, que ganhou força na última década, poderia ser uma delas. Nos Estados Unidos, por exemplo, o método continua a conquistar adeptos popularidade, conforme mostrou a última pesquisa do Content Marketing Institute.
Mas não se engane: content marketing está longe de ser a causa da crise na publicidade, uma vez que vive suas dificuldades também. Embora esteja em alta no Brasil, já há uma percepção de declínio do content marketing nos Estados Unidos.
Tendências de marketing para 2015
No final de 2014, as tendências de marketing apontadas para 2015 foram:
- Conteúdo superficial, como memes, começarão a ser vistos como lixo. As marcas publicarão menos conteúdo com mais qualidade. Usarão todos os canais (redes sociais, inclusive) para contar uma história única.
- As empresas terão mais preocupação em entregar conteúdo altamente segmentado. Será a busca pelo conteúdo certo para a pessoa certa, na hora certa e pelo canal certo.
- Nessa busca por qualidade de conteúdo, marcas contratarão mais jornalistas. Será um ano promissor para profissionais dessa área.
- A geração de leads e vendas por meio de content marketing finalmente se tornará mais amigável. As empresas conseguirão transformar audiência em clientes sem que isso desgaste a relação com o público. Os profissionais de marketing vão se importar mais com resultados comerciais do que com audiência.
- O relacionamento da marca com o público mudará. O conteúdo de marca será produzido de forma mais colaborativa. Muitas empresas descobrirão meios de fazer com que clientes, parceiros e colaboradores produzam conteúdo.
- As empresas B2C buscarão dar mais apelo mais emocional ao seu conteúdo.
- Empresas B2B apostarão mais em revistas impressas.
- Os orçamentos darão mais atenção à promoção e distribuição do conteúdo do que à sua produção, que se tornará mais contínua e menos baseada em campanha. Nesse contexto, o Facebook oferecerá mais ferramentas (e melhores) para empresas. Ao mesmo tempo, mais e mais marcas construirão seus próprios canais de distribuição de conteúdo.
- O Facebook será declarado como uma plataforma inútil para B2B.
- As marcas publicarão cada vez mais conteúdo multiplataforma —com foco especial em mobile.
- Os conteúdos se tornarão cada vez menos baseados em texto e mais em visual. Será a vez do vídeo online.
- Conteúdo em áudio, como podcast, também ganhará força.
- Agências começarão a comprar ou desenvolver plataformas para dependerem de tecnologia, e não apenas de talento. Pelo menos uma grande agência fará a aquisição de uma grande plataforma de serviço online.
- Um novo serviço de foto digital gratuita surgirá.
- O receio com conteúdo patrocinado e native advertisement diminuirá. Talvez não tanto entre os críticos, mas entre as marcas.
- O bom humor estará mais presente no comportamento das marcas na internet. Elas vão rir mais de si próprias.
- E-mail e outbound (mídia de massa, por exemplo) ganharão força.
- O Google Plus vai acabar.
- O Google vai comprar o Twitter.
- O LinkedIn vai ganhar ainda mais força como plataforma de distribuição de conteúdo.
Fontes: Business2Community, Content Marketing Institute, Contently, Kissmetrics, Mashable, Sales Force Pardot e Social Media Today.
Previsões para a internet feitas em 2002
Em 2002, GM O’Connell, que fundou em 1984 a primeira agência de marketing online de que se tem notícia e é até hoje um dos mais influentes profissionais do mundo nessa área, fez dez previsões para a internet.
As previsões foram feitas numa palestra no evento AdTech de 2002, ano em que o mundo ainda questionava como seria a Internet no pós-bolha. Dez anos depois, em 2012, O’Connel republicou no site as dez previsões feitas por ele na ocasião:
- A Internet terá penetração de 96% em 2008.
- SPAM será uma ofensa capital em 2009. Você simplesmente não pode aporrinhar as pessoas para elas gostarem de você. Tampouco enganá-las.
- Novas redes de relacionamento surgirão após 2010, conduzidas fortemente por e-mails e mensagens instantâneas. Elas não serão criadas por profissionais de marketing, mas a despeito deles.
- Com o crescimento dos gravadores de vídeos pessoais, as pessoas terão seus próprios aparelhos de difusão, criando e enviando conteúdo por meio de suas redes de relacionamento a seus amigos.
- Após 2010, você não terá mais controle sobre a sua própria reputação. O controle estará nas mãos dos consumidores, e se você não os fizer felizes, tome cuidado.
- Em 2010, haverá quiosques holográficos, wrist-PDAs (computadores de pulso) e implante de células unitárias. Um modem de mente telepática estará em desenvolvimento no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Você nunca estará fora do alcance das outras pessoas, a menos que queira.
- Consumidores não vão querer propagandas da Internet. Eles estarão na Internet para extrair valor. E nessa circunstância recairá o segredo do marketing interativo.
- Após 2007, ninguém usará um rolo de filme. Até imagens em movimento serão usadas e mostradas digitalmente.
- Em 2010, anunciantes poderão estar onipresentes na vida de seus consumidores. Profissionais de marketing que souberem interagir descobrirão que a Internet permite que consimidores conduzam o relacionamento com as marcas. Isso se consegue com bens e serviços que se tornam parte de uma oferta de marca e dá aos clientes o conforto de que você estará por perto.
- No começo da década, trouxemos à tona a teoria do intercâmbio de valores que, em poucas palavras, significa que o valor que você recebe é proporcional ao valor que você entrega. Isso valerá para mim a nominação do Prêmio Nobel de Economia de 2009 — que acabará indo para Jeff Bezoz por sua teoria da rentabilidade inevitável.∞
Este artigo foi originalmente publicado em 2012 e vem sendo constantemente atualizado e enriquecido desde então.