Jeff Bezos, fundador e CEO da Amazon, comprou nesta semana o jornal The Washington Post, um dos mais tradicionais e importantes dos Estados Unidos, por US$ 250 milhões.
Bezos,19º homem mais rico do mundo no ranking da Forbes, fez a compra como pessoa física. Sua fortuna é avaliada em US$ 25 bilhões. Ou seja, gastou 1% de seu patrimônio para adquirir um pacote de jornais. Além do The Washington Post, ele se torna dono de outras publicações do grupo Post Co., como Express, The Gazette Newspapers, Southern Maryland Newspapers, Fairfax County Times, El Tiempo Latino e Greater Washington Publishing
Na carta enviada aos funcionários, o novo investidor não deixa claras as suas intenções. Apenas garante que manterá os valores fomentados pelos antigos donos, a família Graham, que dirigia o jornal desde 1933.
Hipóteses
Os especialistas tentam agora entender o que pretende o bilionário. Do ponto de vista financeiro, o negócio não faz sentido. O jornal, que foi fundado em 1877, fechou 2012 com prejuízo de US$ 54 milhões.
Uma hipótese levantada é o ganho de poder. Por maior que seja a crise dos jornais impressos, suas marcas ainda são muito fortes e rendem prestígio. Outra tese fala até em mania de colecionador. Alguns bilionários gostam de carros, iates, aviões. Outros gostam de jornais.
Mas essas hipóteses parecem frágeis para alguém como Bezos, um americano de 48 anos cuja fama é de construir grandes impérios a partir do nada (veja seu perfil na Wikipedia). “Talvez esse seja o perfil ideal para um dono de jornal’, observou Andrew Ross Sorkin, do Business Day, da Austrália.
O fato de o jornal estar em crise financeira representa em última análise uma oportunidade. A aquisição foi feita na baixa, o que eleva o risco e consequentemente as margens em caso de sucesso.
Mais plausível
No início do ano, o bilionário havia comprado o Business Insider. Henry Blodget, CEO da própria BI, faz uma análise com um pouco mais de visão de negócios no futuro. Vivendo a experiência de trabalhar numa empresa de Bezos, Blodget afirma que a aposta é de longo prazo.
O ponto central da análise de Blodget é a sinergia que existe entre jornalismo e e-commerce, a grande expertise da Amazon.
O modelo de negócios já existe: notícias atraem audiência e audiência gera vendas. Sempre foi assim com TV, rádio, jornal e revista. Talvez os grandes players estejam apenas descobrindo um novo modelo de jornalismo rentável ― sem deixar de ser jornalismo. Sem contar que a própria Amazon já tem diversos serviços gratuitos. Noticiário seria mais um.
Na semana passada, Bezos vendeu US$ 185 milhões de seu lote de ações da Amazon. Não se sabe se isso tem relação com a compra do The Washington Post.
Post Co.
Para a Post Co., empresa da família Graham, a negociação tem impacto mais emocional do que financeiro. Atualmente, 55% de sua receita vem da área de educação. A empresa é dona, por exemplo, da gigante Kaplan.
Links
Relacionamos algumas análises feitas em veículos americanos. Estão todas em inglês:
- Here’s Why I Think Jeff Bezos Bought The Washington Post, por Henry Blodget (Business Insider)
- Why Jeff Bezos bought The Washington Post, por Jeff Reeves (Investor Place)
- Why Jeff Bezos bought The Washington Post, por Andrew Ross Sorkin (Business Day, da Austrália)