Foi o vice-presidente do WhatsApp, Chris Daniels, quem comunicou: anúncios começarão a ser exibidos no WhatsApp em 2019. “Este será o modo primário de monetização para o WhatsApp, bem como uma oportunidade para as empresas se comunicarem com as pessoas”, reforçou Daniels.
Mas por que o WhatsApp inventou isso agora?
Bem, não é exatamente uma invenção, mas a execução de um plano que começou lá atrás, em fevereiro 2014, quando o Facebook comprou o WhatsApp por US$ 19 bilhões.
Era muito dinheiro. Para se ter uma ideia, com US$ 19 bi, no câmbio da época, seria possível construir todos os estádios superfaturados da Copa do Mundo daquele ano, no Brasil, e ainda sobraria um troco. Mas agora precisa vir o retorno.
O WhatsApp foi criado por Brian Acton e Jan Koum com um mindset bem diferente da publicidade. Segundo o Mashable, a dupla se orgulhava de dizer que era um app “sem propaganda, sem jogos, sem truques”. Tanto que seu uso era gratuito no primeiro ano e pago — 99 centavos de dólar — a partir do segundo. Esse modelo mais modesto era o que eles tinham em mente.

Brian Acton e Jan Koum
Acontece que tudo isso foi antes da venda.
O Facebook vem desenvolvendo nos últimos anos sua plataforma de anúncios para competir com o grande rival, o Google. De certa maneira, o Facebook pegou o jeito de oferecer ads de forma sofisticada. Agora vai usar essa expertise para ter retorno dos bilhões investidos.
Tanto que, em 2016, o Facebook baniu a cobrança para baixar o aplicativo. O modelo de negócios é outro, com prioridade para a publicidade.
Não era isso que Acton e Koum queriam. Tanto que, segundo a CNBC, eles deixaram o Facebook em junho por discordarem da decisão, abrindo mão de US$ 1,3 bilhão a que teriam direito caso ficassem.
Ainda não se sabe ao certo quais serão as opções de publicidade nem se haverá opções de marketing direto. Mas hoje o WhatsApp tem mais de 1,5 bilhão de usuários ativos. Convenhamos: não encontrar um jeito de monetizar esse público seria deixar dinheiro na mesa.
Takeaway
Para usuários, talvez a paz no WhatsApp esteja com os dias contados. Mas, para quem trabalha com marketing digital, é provável que muitas oportunidades surjam a partir de 2019, quando recursos de anúncios estarão disponíveis no principal aplicativo do mundo.∞

Sobre o autor: Cassio Politi é fundador da Tracto. Implantou programas de content marketing em empresas do Brasil e em multionacionais. Autor do primeiro livro em língua portuguesa sobre content marketing, publicado em 2013, é o único sul-americano a compor o seleto júri do Content Marketing Awards. Desde 2016, é palestrante em eventos no Brasil e no Exterior, normalmente apresentando cases bem-sucedidos de seus clientes.