O texto deve ter o tamanho que ele merece. Por exemplo, se você for explicar simplesmente o que é um quadrado, talvez precise de meia dúzia de parágrafos ou menos. Mas se quiser explicar o complexo sistema tributário brasileiro, vai precisar de centenas de milhares de palavras. Portanto, o tamanho do texto varia conforme a complexidade da explicação que você se propõe a fornecer.
Na esteira da pergunta sobre qual o tamanho ideal do texto, normalmente vem outra pergunta: “tamanho do post interfere em SEO?”. Embora possa haver alguma divergência, os principais autores e sites internacionais especializados em SEO afirmam que tamanho do texto não interfere na posição que um post ocupa nas buscas orgânicas do Google.
Em 2019, compilamos em um ebook os critérios que realmente importam para SEO segundo os mais importantes sites sobre o tema. Entre as fontes consultadas, estão Backlinko, MOZ, Hubspot e Search Engine Journal. Fizemos, ainda, o resumo do livro atualizado anualmente por Adam Clarke, um expert no assunto. Todos dizem enfaticamente que tamanho do texto não importa nem um pouco para SEO.
Experiência caseira
Mas faltava uma prova prática, pragmática, real e cabal. Por isso, fiz um teste caseiro em outubro de 2018. Procurei por alguns termos e observei o tamanho dos textos que ocupam as cinco primeiras posições em resultados de buscas orgânicas no Google.
No primeiro teste, procurei por “como funciona a turbina de um avião?”. Eis os resultados:
- Carro de Garagem: 1.071 palavras;
- Blog Todos a Bordo: 813;
- Ed Motors: 454;
- TecMundo: 689;
- Revista Galileu: traz somente imagem, e não texto.
No segundo teste, busquei por “como instalar WordPress”:
- WordPress.org: 603 palavras;
- Hostinger: 4.115;
- Dialhost: 413;
- Wp Total: 1.262;
- Escola WordPress: 1.485.
No terceiro teste, eu quis saber “como usar crase”:
- UOL: 727 palavras;
- Brasil Escola: 345;
- Exame: 385;
- Ache Concursos: 583;
- Tudo Sobre Concursos: 1.280.
Percebeu como não existe correlação entre o tamanho do texto e a posição que ele ocupa no resultado de busca orgânica (ou seja, não-paga) do Google?
Mito derrubado em 2015
Na verdade, já se sabia que tamanho não importa para SEO há alguns anos. Mais precisamente, desde 2015, quando uma pesquisa realizada pela Search Metrics indicou que as páginas mais bem ranqueadas no Google têm menos de mil palavras.
O gráfico abaixo mostra mais do que isso. Ele indica que, em 2014 (linha mais clara), o 10º colocado no Google tinha menos palavras que o primeiro. Mas, inexplicavelmente, um ano depois (linha escura), o 10º colocado tinha mais de 1.600 palavras.
A única conclusão que se pode tirar desse gráfico é de que não existia nem 2014, nem em 2015 (tampouco hoje) correlação entre tamanho do texto e posição nas buscas do Google.

O fato é que SEO não é o único parâmetro que deve ser levado em conta. Aliás, está longe de ser o principal. Textos sempre foram escritos para ser consumidos por leitores humanos, e não por algoritmos do Google.
Esta não é uma afirmação purista. Pelo contrário: ela é supermoderna e está alinhada aos princípios mais atuais do SEO e de content marketing. No Content Marketing World de 2019, falou-se com certa ênfase do conceito de “SEO invisível”, que destacamos no ebook que você pode baixar sobre a cobertura do evento.
Ele consiste em criar um conteúdo tão relevante para o leitor que o Google o destaque. Isto não é poesia. Tem fundamento técnico. Desde 2015, quando o Google lançou o RankBrain, os aspectos da inteligência artificial passaram a pesar mais do que qualquer artimanha de posicionamento ou repetição de palavra-chave.
Na prática, o Google é hoje capaz de ler um artigo imitando o comportamento humano. A empresa já tem tecnologia suficiente para avaliar se um texto oferece conteúdo melhor do que outro a partir de uma análise muito próxima — para não dizer idêntica — daquela que você e eu, humanos que somos, faríamos.
O livro Content Marketing Masterclass foi lançado em setembro deste ano e está disponível nas versões impressa e Kindle. São 52 aulas transformadas em 52 capítulos.
Já são mais de 20 anos
De certa maneira, estamos voltando aos primórdios da leitura de texto em tela, de onde talvez nunca devêssemos ter saído. Um artigo publicado em 2020 pelo site Digital Uncovered resgata uma anedota muito comum dos idos de 1997, quando os redatores se perguntavam como as pessoas leem online. E a resposta vinha em três palavras: “elas não leem”.
O que se queria dizer com isso é que, na realidade, o leitor escaneia o texto na tela de um computador. É importante ressaltar aqui que a afirmação não se aplica a tela de celular nem de tablet — mas de desktop apenas.
Completamente despida de dados, a afirmação de mais de duas décadas atrás era um grande chute. Mas um chute preciso, que acertou na mosca. As pesquisas que vieram depois comprovariam que os olhos humanos não são muito afeitos a se fixar por longos períodos na tela de um computador.
O Chartbeat fez uma pesquisa em 2013. Após coletar dados de 1 milhão de visitantes em dez páginas de conteúdo durante 24 horas, concluiu que 65,7% do tempo que o leitor despende numa página é na borda inferior da tela, como mostra a imagem abaixo.

O gráfico não indica uma conclusão automática de que o texto tenha de ser necessariamente mais longo ou mais curto. Ele apenas aponta um tipo de comportamento de leitura. E sugere algo que já se sabia nos jornais desde o início do século passado: o início do texto é a parte mais importante, que as pessoas vão ler primeiro. O restante tem menos peso. Foi daí que nasceu uma técnica muito popular no jornalismo mundial conhecida como Pirâmide Invertida.
Mais completo do que a análise da Chartbeat é o vídeo do Nilsen Norman Group (NNG), que explica didaticamente o “padrão F” de leitura em tela. Vale a pena assistir ao vídeo abaixo. Está em inglês, mas permite que você ative as legendas em português.
A técnica traz um insight: mais importante do que se preocupar com palavra-chave ou com encher linguiça para o texto ficar inchado pela ilusão do ganho de ranqueamento no Google, é quebrar o texto com bullets, listas, intertítulos e outros elementos visuais para tornar a experiência de leitura mais agradável para o leitor. Está tecnicamente explicado por que isso é uma boa prática.
Takeaway
O texto deve ter o tamanho que ele merece porque precisa agradar ao leitor. Não faz nenhuma diferença para efeito de ranqueamento no Google. Mais importante do que escrever muito, é formatar bem o post para tornar a leitura agradável. Está tecnicamente provado que isso ajuda o leitor.
Este artigo foi originalmente publicado em 20 de maio de 2018 e vem sendo constantemente atualizado e enriquecido desde então.