Ligar o Zoom virou sinônimo de fazer uma videoconferência. O aplicativo caiu no gosto do público e fez com que o aplicativo desse um salto impressionante na quantidade de usuários. Em fevereiro, antes da pandemia do coronavírus, eram cerca de 10 milhões. No início de abril, saltou para 200 milhões segundo dados da rede de mídia americana CNBC, dos Estados Unidos. No final de abril, o site especializado em tecnologia ZD Net, também americano, já registrava 300 milhões. Um aumento de 30 vezes.
O Zoom opera no modelo freemium, daqueles que oferecem recursos básicos gratuitos, com opções mais avançadas pagas. Não precisa fazer uma ginástica mental muito elaborada para concluir que um aumento tão significativo de usuários se reflete em um ganho expressivo de caixa também.
O salto de 30 vezes causou alguns revezes para o Zoom. Houve problemas de segurança, que o próprio Zoom disse em seu blog ter resolvido — e pelos quais seu CEO, Eric Yuan, pediu desculpas.
Mais do que se desculpar, o Zoom tomou providências. No final de abril, a empresa confirmou que já vem usando a infraestrutura da Oracle — até então, estava apenas na Amazon. Agora, o Zoom conta com o suporte de Oracle, Amazon Web Services e, ainda Microsoft Azure para garantir a entrega das videoconferências a seus usuários. A Oracle afirmou que transfere 7 petabytes pelos seus servidores localizados na nuvem para o zoom. Isso equivale, segundo a empresa, a 93 anos de vídeo em HD.
Não foi apenas o Zoom que registrou aumento na quantidade de usuários. Outro site americano especializado em tecnologia, o Tech Republic, registrou crescimento também para GoToMeeting, Microsoft Teams, Webex, Slack e Skype for Business.
A explicação para o crescimento generalizado se sustenta com números. Um levantamento feito pela Mid-March mostrou que a maioria dos trabalhadores da América do Norte (85%), Europa (79%), China e Hong Kong (64%), Ásia Pacífica (59%) e Oriente Médio e África (53%) está trabalhando de casa. Não há dados sobre a América do Sul, mas não é preciso muito esforço para concluir que o brasileiro também está, em alguma medida, fazendo home office.
Apesar de o Zoom ter caído na graça do povo, seu market share como ferramenta de videoconferência para empresas ainda é modesto:
- Skype for Business (57%);
- Microsoft Teams (23%);
- Webex (9%);
- Zoom (7%);
- Slack (3%);
- GoToMeeting (1%).
Uma hipótese para o Zoom figurar apenas na quarta colocação é o fato de que as empresas já adotavam uma ferramenta antes da pandemia. Só passaram a usá-la mais intensamente.
Além disso, o número de usuários do Zoom não significa necessariamente o número de novas empresas aderindo à ferramenta. São contagens diferentes. Imagine uma empresa que antes da pandemia costumava fazer uma reunião online sempre com, por exemplo, cinco pessoas. Ela contava como um cliente e cinco usuários.
Se durante a pandemia a reunião passou a ter 40 pessoas, essa mesma empresa passa a contar como um cliente e 40 usuários. Por esta simulação, o Zoom não sobe no ranking, mas a quantidade de usuários aumenta, o que bate com os dados apresentados no post até aqui.
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Zoom já fazia sucesso em content marketing
Engana-se quem pensa que o Zoom fosse um ilustre desconhecido que viu o sucesso cair do céu em seu colo durante a pandemia da Covid-19.
Quem habita o mundo do content marketing pode testemunhar a favor do Zoom. Eu me lembro de discutir aqui mesmo, na Tracto, se era melhor usar Zoom ou Hangouts não exatamente para videoconferências, mas para fazer webinars e cursos online.
Isso foi há uns quatro anos, quando essa plataforma já fazia sucesso entre profissionais de marketing digital por ser uma opção mais moderna do que seus concorrentes diretos que dominavam o mercado até então — GoToWebinar e Webex.
O curioso é que naquele momento as empresas que faziam reuniões com pessoas externas ou mesmo eventos (que também recebem pessoas de fora) acabavam vetando Zoom, GoToWebinar, Webex e afins e preferindo as soluções web based. Refiro-me àquelas ferramentas de videoconferência e de eventos online que rodam direto numa página de internet, como o Hangouts, Webinar Jam, Streamyard e, mais recentemente, o Whereby.
Acontece o seguinte: embora os apps com o Zoom ofereçam muito mais estabilidade e qualidade de áudio, eles têm uma grande desvantagem. Os usuários precisam baixar um plug-in para acessá-los. O problema é que muitas redes de escritórios impedem isso por questões de segurança. Acaba virando uma barreira.
Cansei de ver usuário pedindo socorro por email ou rede social na hora de entrar no evento (ou simplesmente desistindo de participar) por dificuldade de instalar o plug-in. Sem exagero: isso aconteceu centenas de vezes. Daí a preferência por soluções web based.
Na Tracto, por exemplo, começamos a fazer webinars em junho de 2012. No início, usávamos o GoToWebinar. Em 2017, passamos para o Zoom. Em 2018, pulamos para o Hangouts justamente por ser web based. Mais recentemente, por uma mudança no YouTube, acabamos indo para o Streamyard.
Pelo visto, a pandemia derrubou a barreira do plug-in e o Zoom voltou com tudo a ser uma opção para muita gente. É hora de retomar o debate sobre app ou web based.
Takeaways
O número de usuários do Zoom saltou de 10 milhões para 300 milhões por causa da pandemia do coronavírus, quando houve muito mais demanda por videoconferências. O Zoom já era usado para webinars e respeitado há anos por quem faz content marketing. Porém ainda disputa espaço com concorrentes, como o líder Skype for Business, e com alternativas web based.