A organização ofereceu um coquetel dois dias antes do início do evento. Seria uma forma de integrar organizadores e participantes que tivessem viajado com antecedência. Foi lá que conheci Joe Pulizzi, dono da empresa organizadora do Content Marketing World, autor de dois livros sobre o tema e uma espécie de autoridade máxima quando o assunto é marketing de conteúdo.

Joe Pulizzi e Cassio Politi no coquetel na véspera do Content Marketing World, em Columbus (EUA)
Na informalidade do coquetel, fui me apresentar a Joe e fiquei surpreso com sua simplicidade. Ele esticou a mão primeiro:
— Já conheço seu rosto pelo Twitter. Obrigado por ter vindo! Quantas horas de voo até aqui?
Viajei decidido a não perder a chance de conversar com Joe caso surgisse uma. Só não esperava que fosse acontecer logo no meu primeiro dia em Columbus, Ohio, nos Estados Unidos.
O papo foi fluindo e muitas de minhas dúvidas foram sendo sanadas. Qual o modelo de consultoria? Quanto tempo isso consome? Quantas pessoas na equipe? Treinamento presencial ou online? Qual a maior demanda dos clientes? Quanto rende um evento patrocinado? E por aí fomos conversando.
Em certo momento, expliquei a Joe que o mercado brasileiro ainda confunde content marketing com atuação em redes sociais.
— Há três anos, acontecia o mesmo aqui. O mercado, aos poucos, foi entendendo que redes sociais são uma ferramenta e content marketing é o método. Como precisam de resultado, as empresas preferem o método.
Entre um drinque e outro, ouvi o mesmo relato de profissionais de França, Irlanda e Holanda. Seus mercados estão mais maduros do que o nosso, que ainda avalia resultado pelo número de cliques em Curtir na fan page do Facebook ou pela quantidade de retuítes.
Fiquei animado ao ouvir aqueles relatos. Tudo indica que o mesmo processo de amadurecimento esteja em curso no Brasil. As empresas brasileiras hoje investem em redes sociais. Não têm retorno, mas também não têm uma corda no pescoço porque o mercado por aqui anda aquecido.
Acontece que em algum momento elas precisarão buscar alternativas que gerem vendas. Não precisa estourar uma crise para isso. Basta haver bons gestores de comunicação e marketing — e isso as empresas brasileiras têm.
É nesse momento de cobrança de resultados que se percebe que nenhuma ferramenta isoladamente dá conta do recado. É aí que content marketing, como um método que usa múltiplas formas de comunicação, entra em cena. A crise econômica nos Estados Unidos e Europa certamente antecipou essa necessidade, e é por isso que eles caminham à nossa frente.
Para se ter uma ideia do disparate, enquanto o tema é abordado superficialmente em eventos no Brasil, o Content Marketing World contou com 1.100 participantes vindos de 20 países. Sabe quantos brasileiros havia lá? Apenas um, que é este que vos escreve.∞

Sobre o autor: Cassio Politi é fundador da Tracto. Implantou programas de content marketing em empresas do Brasil e em multionacionais. Autor do primeiro livro em língua portuguesa sobre content marketing, publicado em 2013, é o único sul-americano a compor o seleto júri do Content Marketing Awards. Desde 2016, é palestrante em eventos no Brasil e no Exterior, normalmente apresentando cases bem-sucedidos de seus clientes.