
Guto Aeraphe atua com conteúdo audiovisual desde 1997.
Webséries são uma grande oportunidade para marcas e, portanto, para content marketing. O entretenimento permite criar um envolvimento efetivo com o consumidor. Esse foi o tema da conversa que tive com Guto Aeraphe, experiente e premiado produtor e diretor cinematográfico de Belo Horizonte, no 5º podcast da série Content Marketing Brasil (ouça abaixo).
O Guto foi premiado seis vezes nos festivais internacionais dos quais já participou, como Los Angeles (Estados Unidos) e Marseille (França). É, ainda, autor do livro Websérie – Criação e Desenvolvimento. Na sua análise, contar histórias envolventes é uma oportunidade que mais empresas deveriam aproveitar.
“Não acredito mais no modelo comercial em que as marcas gritam que o seu produto é melhor. É muito mais interessante criar o envolvimento por meio do entretenimento. E o storytelling é a ferramenta para isso. Além de querer consumir o produto, ele vai ter um envolvimento emocional. Não entendo por que as marcas não se apropriaram dessa ferramenta devidamente. Porque ela é muito mais simples, mais fácil e até mais barata do que o formato tradicional”.
Vídeos em sequência se encaixam no conceito de content marketing, que tem no storytelling a maior riqueza de seu conteúdo. Profissionais de comunicação corporativa, que historicamente se habituaram a falar sobre a marca, agora podem ― e devem ― pensar nessa mudança. Em vez de falar sobre a marca, devem falar pela marca. E, de preferencia, contar uma história.
O grande desafio é contar a história em transmídia. Ou seja, a mesma história caminhar por diferentes canais e em diferentes formatos. É por isso que o storytelling tem tanta importância. O novo consumidor quer algo além de uma simples história com começo, meio e fim. O conflito é fundamental para se contar uma boa história.
Os formatos também variam. Com as plataformas disponíveis hoje no mercado, é possível pensar em duas categorias. A primeira é a websérie na acepção da palavra, que são vídeos curtos ― com oito minutos de duração aproximadamente. São voltados para os espectadores casuais, aqueles que buscam algum entretenimento pontual. A outra são os vídeos longos transmitidos por plataformas de on-demand, como o Netflix, que têm uma estrutura dramática similar ao das séries tradicionais de televisão, mas são transmitidos via internet.
No começo de setembro, assisti no Content Marketing World 2014, em Cleveland, nos Estados Unidos, a uma palestra do ator Kevin Spacey.

Kevin Spacey no CMW.
“Uma história deve sempre conter um conflito. Porque o conflito prende a atenção das pessoas. Deve, ainda, ter um personagem que corra riscos. Porque riscos geram tensão, e é o risco que faz uma pessoa tirar a bunda da cadeira e se mexer. Quem somos e o que os outros esperam que a gente seja: este é o maior conflito que vivemos”.
Aliás, Kevin Spacey foi convidado para o principal congresso de content marketing no mundo justamente por encabeçar a série House of Cards, transmitida exclusivamente pelo Netflix, dentro daquele segundo modelo que o Guto mencionou.
Para o Guto, aliás, a tendência é que o formato menor prevaleça na web:
“Na minha opinião, as webséries vão ser conceituadas como vídeos curtos voltados para o entretenimento da internet. As séries mais longas serão chamadas de séries ou minisséries, independentemente do meio de transmissão”.
Ouça abaixo a conversa com o Guto no Podcast Content Marketing Brasil, com duração de 12 minutos.∞

Sobre o autor: Cassio Politi é fundador da Tracto. Implantou programas de content marketing em empresas do Brasil e em multionacionais. Autor do primeiro livro em língua portuguesa sobre content marketing, publicado em 2013, é o único sul-americano a compor o seleto júri do Content Marketing Awards. Desde 2016, é palestrante em eventos no Brasil e no Exterior, normalmente apresentando cases bem-sucedidos de seus clientes.