O CEO do YouTube, Salar Kamangar, revelou ao site The Information (conteúdo fechado para assinantes) números da plataforma de compartilhamento de vídeos, que pertence ao Google. Foram US$ 3,5 bilhões faturados em 2013.
Não foram apresentados detalhes, mas é provável que a maior parte da receita venha de anúncios exibidos durante a execução dos vídeos (no formato de AdSense) ou antes deles (propagandas de empresas).
Cabe aqui uma breve análise histórica. O Google comprou o YouTube por US$ 1,6 bilhão em outubro de 2006. Na ocasião, houve muita desconfiança. Os investimentos malsucedidos da era da bolha da internet ainda não tinham sido esquecidos. Faltavam projetos com bom retorno sobre investimento consumado, o que reforçava a sensação de que o mundo online não era adequado para quem quisesse fazer dinheiro grande.
Retorno
No caso específico do YouTube, questões legais contribuíam para a falta de credibilidade. Apenas um mês antes, o bilionário investidor Mark Cuban, experiente em investimentos em projetos digitais, havia feito um post fatalista em seu blog:
“Só um idiota compraria o YouTube, uma empresa com tantas possibilidades de sofrer processos”.
Logo após o anúncio da aquisição, ele voltou ao tema:
“O Google está maluco. Seus advogados terão muito trabalho. Uma vez que a empresa for condenada por violação de direitos autorais, surgirão diversos outros processos parecidos”.
Os problemas de direitos autorais se confirmaram, precisaram ser tratados, mas nunca inviabilizaram o negócio, como previsto.
WhatsApp
O fato é que o investimento de US$ 1,6 bilhão já foi recuperado algumas vezes pelo Google. Mais do que isso, a credibilidade das grandes aquisições mudou nestes quase oito anos.
Basta notar que, assim que anunciou a compra do WhatsApp por US$ 19 bilhões, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, resumiu sua decisão: “saiu barato”.
Diferentemente das reações de 2006, os especialistas não ousam discordar. Para citar apenas um exemplo, Julianne Pepitone, especialista de tecnologia da NBC, publicou em fevereiro um artigo que explica por que o otimismo de Zuckerberg tem fundamento.
Resumidamente, o raciocínio é este: a popularidade do WhatsApp é enorme entre usuários de mobile, que está em crescimento vertiginoso no mundo inteiro. Se o Facebook encontrou uma forma de faturar alto com uma rede social, é fácil acreditar que encontrar um modelo de negócios para um aplicativo faça parte de seu DNA.

Sobre o autor: Cassio Politi é fundador da Tracto. Implantou programas de content marketing em empresas do Brasil e em multionacionais. Autor do primeiro livro em língua portuguesa sobre content marketing, publicado em 2013, é o único sul-americano a compor o seleto júri do Content Marketing Awards. Desde 2016, é palestrante em eventos no Brasil e no Exterior, normalmente apresentando cases bem-sucedidos de seus clientes.
Crédito da imagem: webtreatsetc no Flicker (Creative Commons)