De tempos em tempos gosto de voltar para a sala de aula pelo simples fato de que, em nossa área, a cada três meses, tudo muda, por isso é tão importante estar sempre atualizado. Mas não é só isso, a sala de aula serve de termômetro para sentir o mercado, os concorrentes, os profissionais que estão por aí e os que estão por vir, para ter uma ideia de como as coisas realmente são fora da casinha, seja da agência ou do mundinho corporativo.
E foi outro dia, na sala de aula, que ouvi um termo que me fez refletir sobre a importância de traduzir o discurso quando falamos sobre marketing digital, performance e conteúdo. O tema era social media, e a professora, especialista da área, dona de agência e, como muitos, mais uma buscando a sobrevivência e a profissionalização do mercado, se disse indignada quando, numa entrevista, a resposta para a pergunta “o que você faz?” vem com uma resposta do gênero: “Sou social media”, “sou inbounder” ou outras coisas do tipo.
A reclamação dela foi muito real anunciando o quando prejudica o mercado como um todo quando uma corrente de profissionais — como alguns de marketing digital hoje — decidem atuar fazendo questão de manter o complexo, cada vez mais complexo, de como se trabalhar com o online fosse coisa de gente de outro planeta. Gente especial ou, como ela mesmo disse, coisa dos “illuminati”.
A fala me chamou a atenção justamente no momento em que o cenário digital ainda parece tão complicado para a grande maioria das empresas, sobretudo no segmento B2B, área em que atuo, um mercado este, tão pouco explorado pela comunicação, mas que, justamente com entendimento, poderia ser muito mais rico e desenvolvido.
E me vi rindo dos termos que são tão comuns hoje em dia, mas que não significam nada para quem é da área comercial, por exemplo. Achei interessante porque sei o quanto tem sido duro e difícil traduzir o novo e fazer com que o trabalho do conteúdo junto ao marketing e ao comercial, por exemplo, faça sentido do ponto de vista do negócio, que é o que REALMENTE interessa no fim das contas.
E como, no dia a dia, tem muito espertinho se aproveitando do desconhecimento técnico alheio para criar dificuldade e depois vender facilidade (especialidade da indústria brasileira, aliás), senti vontade de escrever sobre isso e sobre uma única questão que concordo e tento repetir todos os dias: o que existe é Comunicação e Marketing. O que importa é entender a audiência, o perfil, o público-alvo. O resto é entender dos canais e onde seu público está.
Então, quem faz o bom marketing off-line, não deve ter nada a temer. Pois quem faz o bom marketing vai entender e fazer o bom marketing digital. Na essência, a gestão disso não muda. O que muda é a parte técnica da coisa. Aí sim, você precisa ter uma equipe capaz de traduzir as necessidades do seu cliente em diferentes meios. E os canais mudam. Hoje, social pode ser algo incrível. Amanhã, não. Hoje, inbound e Google Ads podem estar em alta, amanhã, não. E aí?
Por isso, você tem que saber fazer um bom briefing, uma boa pesquisa e um bom planejamento para se dar bem em qualquer uma das ações pensadas para esses canais e muitos que ainda podem surgir. Estes são os primeiros passos para qualquer projeto de comunicação virar. E isso, caro amigo, é igual para todo mundo.
Iniciou sua carreira no digital em projetos pioneiros como allTV, a TV da Internet, e Universia, primeiro portal de conteúdo universitário, do Banco Santander. Migrou das redações customizadas para a comunicação corporativa, onde se especializou no relacionamento das marcas com o universo feminino, até fundar a agência Hélice e liderar projetos de branded content do Portal Terra para marcas como Dove, Dermacyd, Avon, Hering, Lupo, entre outras, além de conteúdos especiais para Ferrari perfumes, Hello Kitty, Yamaha, Triumph, Galena e Icekiss.
Atualmente é gerente de conteúdo da Informa Exhibitions, sendo responsável pela estratégia de content marketing da divisão de feiras de negócios de Global Exhibitions no Brasil.
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