Para entender o que é HTML5, primeiro é preciso saber o que é HTML. É simples: trata-se de uma linguagem de marcação utilizada para navegação pela web. A sigla, em português, significa Linguagem de Marcação de Hipertexto.
Aqui vai uma explicação para leigos: as páginas de sites ― como esta, em que você lê este artigo ― são formadas por blocos de informação. Ou seja, textos, imagens, dados, vídeos e sons são agrupados e interligados por meio de links. Um navegador ― como Internet Explorer, Chrome ou Firefox ― interpreta essas linguagens, apresentando os elementos agradavelmente dispostos numa espécie de arte final.
História
Entender como o HTML se desenvolveu desde o seu surgimento é a melhor forma de entender o que é HTML5. Tudo começou em 1980, quando o cientista da computação britânico Tim Berners-Lee criou a primeira versão da linguagem.
Em 1994, na conferência mundial World Wide Web Conference, em Genebra, na Suíça, surgiu a segunda versão, o HTML 2.0. Ali nasceu também o World Wide Web Consortium (W3C), entidade que até hoje é comandada por Berners-Lee e que coordena os padrões de desenvolvimento do HTML.
Com o lançamento do HTML4, em 1997, surgiram as folhas de estilo, batizadas de CSS. A lógica é bem simples: os comandos HTML montam a estrutura da página de um site, indicando texto, foto, vídeo ou outro elemento. Um desses comandos de HTML determina que o layout ― tamanho da letra, cor de fundo, espaçamento entre linhas, borda de foto etc ― está escrito noutro arquivo, este de CSS.
Numa comparação tosca, mas didática, diria que o documento do HTML é a estrutura acinzentada de uma casa, cheia de concreto, tijolo, ferro, fios e canos. CSS coloca piso, pintura da parede, luminária, lustre, cortina, quadro.
Voltando à história, no ano 2000 o W3C anunciou o lançamento do XHTML. Essa nova versão se apoiava em XML, linguagem de marcação mais rígida, que valorizava a padronização. Se o código não fosse escrito exatamente dentro do padrão, não funcionava. Qual o motivo de tanto rigor? A intenção era permitir que o XHTML fosse lido também por softwares, podendo integrar-se com suas linguagens específicas.
É natural que o rigor do XHTML tenha desagradado. Aliás, aborreceu gente graúda. Em 2004, empresas como Apple, Google, Mozilla e Opera já tinham relevância em âmbito global. Unidas, elas lançaram um grupo paralelo ao W3C e o batizam de WHATWG (Web Hypertext Application Technology Working Group).
Dois anos depois, habilidosamente Berners-Lee reconheceu o WHATWG. Mais do que isso, anunciou que o W3C trabalharia em conjunto com ele.
Surge o HTML5
O resultado dessa cooperação veio em 2008. Ainda em caráter experimental, o HTML5 foi publicado pelo W3C. Um ano depois, o desenvolvimento do XHTML foi encerrado.
O HTML5 ampliou o papel da linguagem, mais preparada para as necessidades de quem cria sites, aplicativos e outros badulaques online. É como se a linguagem se adaptasse às pessoas, e não mais o inverso.
Um exemplo pequeno mas representativo está em formulários de cadastro. Até aqui, para exigir que o campo de telefone fosse preenchido com um padrão ― como (XX) XXXX-XXXX ―, seria necessário mesclar comandos de HTML, CSS e JavaScript, tomando tempo de programação e tornando a página mais pesada. Com HTML5, essa validação é automática, bem como muitas outras funcionalidades.
Por causa desses avanços, e da facilidade para trabalhar com animações, áudio e vídeo, o HTML5 é o mais forte candidato para o padrão consensual de aplicações de smartphones e tablets. Usar uma mesma linguagem aprovada pelos grandes players do mercado e aberta para desenvolvedores é vantajoso para todos.
Rivais unidos
A habilidade de Berners-Lee para unir concorrentes em torno de uma causa se repetiu neste ano. Graças a ele, os arquirrivais Apple, Microsoft, Google e Facebook figuram como parceiros no site WebPlatform.org, lançado há menos de um mês. O objetivo é desenvolver uma linguagem uniforme, sim, mas sem o rigor do XHTML. Quem sai ganhando com isso? A internet inteira.
O site é útil para qualquer desenvolvedor. Não estou falando somente de programadores, designers ou profissionais da parte técnica. Entram na lista, por exemplo, blogueiros que vez ou outra mexem em códigos do WordPress ou do Blogger. O site traz tutoriais completos de HTML5, CSS, animações e outras utilidades técnicas.
Outros grandalhões, como Adobe, HP, Nokia, Mozilla e Opera, também fazem parte da turminha do WebPlatform.
Lançado no dia 8 de outubro, o site ainda está em sua versão alfa. Portanto, não está completo. O post que anunciou o seu lançamento resume o espírito de compartilhamento de informação em um slogan: release early, release often (libere logo, libere sempre).
Afinal, por que é importante?
Ok, expliquei tudo isso, mas você deve estar se perguntando: por que, afinal, HTML5 é tão importante para mim? Logo para mim? Porque será provavelmente a linguagem utilizada por você ou sua empresa para fazer site, blog, aplicativo de Facebook, aplicativo e site de smartphone e de tablet. Só por isso.
Vídeo
Se você estiver muito interessado pelo tema, o vídeo publicado pelo Google Developers está disponível no YouTube. Aviso importante: tem 29 minutos de duração.∞

Sobre o autor: Cassio Politi é fundador da Tracto. Implantou programas de content marketing em empresas do Brasil e em multionacionais. Autor do primeiro livro em língua portuguesa sobre content marketing, publicado em 2013, é o único sul-americano a compor o seleto júri do Content Marketing Awards. Desde 2016, é palestrante em eventos no Brasil e no Exterior, normalmente apresentando cases bem-sucedidos de seus clientes.