“Estou muito feliz em anunciar que a primeira versão do WordPress está disponível para download”. Assim começa o post de apresentação do software que se tornou sinônimo de software para blogs. A data? 27 de maio de 2003 – ou seja, exatos dez anos.
Além de parabenizar a todos que se envolvem com a ferramenta, reunimos aqui dez curiosidades sobre o aniversariante. A propósito, um site especial reúne as manifestações, incluindo menções à hashtag #wp10, como em uma grande festa!
- Em 2001 os usuários avançados que queriam mais recursos em relação ao Blogger, da PyraLabs, podiam procurar pelo MovableType, que gerava páginas estáticas a partir de um script em Perl (CGI), e o b2/cafelog, que já usava PHP e MySQL. Com o fim das atualizações do b2, dois de seus programadores, Matt Mullenweg e Mike Little, pensaram em uma evolução elegante para o software. Assim nasceu o WordPress.
- Estima-se que 70 milhões de sites utilizam o sistema como plataforma de publicação de conteúdo. Isso representa 52% dos domínios que usam algum CMS. Tão relevante quanto o volume de usuários é a escolha do software por grandes veículos (como The New York Times), além daqueles que surgiram a partir dele (como o site de tecnologia Techcrunch).
- Desde o início, os desenvolvedores trataram de envolver uma comunidade de programadores apaixonados. É possível afirmar que cada linha de código do sistema, bem como sua documentação, passou pelo olhar de um grande número de pessoas, potencializando novas atualizações e brechas. Esta aproximação ficou ainda mais evidente a partir de 2006, quando San Francisco promoveu o primeiro WordCamp, um modelo de conferência aberta. Atualmente, encontros do gênero acontecem no mundo todo – como em São Paulo.
- Além de ser um projeto open source e disponibilizado gratuitamente, outras razões podem explicar a popularidade do WordPress. O processo simples de instalação popularizou a expressão “The Famous 5 Minute Installation“. Seu código-fonte é compatível com os padrões web estabelecidos pelo consórcio W3C. Também está cada vez mais fácil atualizá-lo, mantê-lo funcionando e personalizá-lo com temas, widgets e plugins. Na prática, um software pensado para blogs tornou-se um verdadeiro framework para as mais diversas aplicações – a ponto de uma empresa, a Code Poet, ser criada para reunir conhecimento acumulado sobre a adoção da ferramenta.
- O ponto da virada, no entanto, ocorreu em 2004. Nessa época, o Movable Type ainda tinha uma legião de fãs, entusiasmados com sua robustez. Mas a Six Apart, empresa que criou o sistema, anunciou que passaria a cobrar pelo licenciamento do uso a partir da versão 3.0. Byrne Reese, então gerente de projeto do Movable Type, relembra que esta decisão estimulou usuários a migrarem de plataforma – e não voltarem mais. Somado ao fato da linguagem Perl não ser tão simples quanto PHP, em suas palavras, o “WordPress venceu a guerra”.
Um pedido importante que Matt Mullenweg fez em 2009, junto com outras resoluções de ano novo: usem WordPress. O “press” não é minúsculo, nem “Word Press” é separado. Mais do que isso: o W do logo é alto. Fique atento!
- A primeira versão lançada foi a 0.7 como uma evolução simples do b2/cafelog – cuja última versão foi exatamente a 0.6. Os plugins foram introduzidos na versão 1.2, em 2004. Ao final de 2005, a versão 2.0 consolidou melhorias na edição de texto (tags, páginas) e upload de imagens. Sua interface foi redesenhada na versão 2.5 em 2008, melhorando profundamente na versão 2.7, onde já haviam atualizações automáticas. Em 2010, a versão 3.0 absorveu o WordPress MU, habilitando a função multi-site, além de introduzir versões diferentes de posts. As versões seguintes, entre 2011 e 2012, tinham como objetivo tornar o WordPress mais rápido e intuitivo: a barra de administração cinza veio com a 3.1; os recursos para customização de temas surgiu na 3.4; finalmente, a 3.5 trouxe um novo gerenciador de mídia. Em algumas semanas, já estará disponível a versão 3.6, com melhorias na área de administração.
- Fundada em 2005 pelos criadores do software, a empresa Automattic se converteu na maior administradora no desenvolvimento do WordPress. Além de elaborar temas e plugins (como o Gravatar, o antispam Akismet ou o gerenciador de redes BuddyPress), a empresa gera receita a partir de serviços como o VideoPress e, talvez sua face mais popular, a versão paga do WordPress.com. No último dia 24, a empresa recebeu um sinal de que está no caminho certo: o fundo Tiger Global anunciou investimentos na Automattic da ordem de US$ 50 milhões.
- Enquanto o WordPress evolui como um CMS completo, ainda faz sentido pensar em “blogar”? Nos últimos dez anos, formas simples de postagem como o Tumblr ou o próprio Twitter se popularizaram. Outros sistemas, como o Posterous ou Yahoo Meme, surgiram como alternativas e naufragaram – nesse sentido, a bola da vez é o Medium, pensado por Evan Williams (o mesmo criador do Twitter) para ser “o melhor lugar para ler e escrever sobre coisas que importam”. Ao mesmo tempo, está para nascer um novo CMS pensado para os amantes do texto, o Ghost – cuja apresentação é encantadora. Qual será o lugar do WordPress nesse contexto? Façam suas apostas…
- “Você é tão linda… Eu estou constantemente surpreso e encantado pela forma como você cresceu. Anos difíceis estão atrás de você. O melhor de tudo, por meio de tudo isso, você mantém os princípios que mantenho contigo desde o início em primeiro lugar. Você está sempre mudando, mas isso nunca muda. Você tem medo de tentar coisas novas que podem parecer malucas ou impopulares. Eu vejo você no mundo todo agora, brilhando a partir de telas, unindo pessoas em encontros – você está no seu melhor quando você faz isso. Você é minha musa, você me inspira, e eu vi você inspirar outros. Você se tornou uma parte de suas vidas, e eles se tornaram uma parte da sua. Espero que envelheçamos juntos.” O texto é do apaixonado Matt Mullenweg, que durante sua carreira como programador, optou por casar-se com o WordPress. Ao que tudo indica, a paixão é a mesma dos tempos de noivado. ∞

Sobre o autor: André Rosa é jornalista, mestre, doutor, pesquisador e professor em cursos livres, de graduação e pós-graduação, sempre procurando promover o encontro entre a comunicação e a tecnologia. Seu blog tem mais de uma década anos de vida.