Quando participei do segundo webinar sobre Content Marketing em junho deste ano, a convite da Tracto, chegou uma pergunta pela Internet sobre as eleições. Queriam saber em que plataformas, na minha opinião, os candidatos iriam apostar nessa corrida presidencial. Incrível como de 2010 para cá muita coisa mudou, a dinâmica de consumo de mídia passou por mudanças significativas e o mobile disparou. Na época, disse que era difícil cravar uma resposta definitiva, mas eu apostaria no YouTube, como uma plataforma complementar á propaganda eleitoral da televisão e suas limitações de tempo. Estava parcialmente certa. Os candidatos usaram bastante a plataforma de vídeo, mas eu me surpreendi com o uso (devido e indevido) do WhatsApp, por exemplo, algo que nem cogitei alguns meses atrás, e do e-mail marketing.
A ideia não é fazer uma análise ideológica. Aqui vou considerar só o segundo turno para ser mais precisa e ficar principalmente nos sites oficiais de campanha, da Dilma e do Aécio, que direcionam para todas as outras plataformas.
A primeira coisa que me chamou a atenção foi o cuidado visual de ambas as candidaturas. Embora o volume de informações fosse grande dos dois lados, achei que as páginas estavam harmoniosamente organizadas. Gostei bastante do investimento na qualidade de imagens e do uso intenso do Instagram, explorando bastidores de campanha, apoio de personalidades da cultura, do esporte e de intelectuais.
No conteúdo não houve nada surpreendente. Como era de se esperar, um partido ataca o outro. Ao focar no candidato e suas propostas, notei algumas diferenças: Aécio usa bastante o lado família e tradição. Dilma fica com o apelo popular.
Um ponto que me chamou bastante atenção foi o uso do WhatsApp. Recebi do meu primo, pelo grupo da minha família, um vídeo disponibilizado pela campanha do Aécio em que ele próprio pede para seus eleitores compartilharem em todos os grupos dos quais participassem. Perguntei ao meu amigo Fernando Paiva, editor do Mobile Time, sobre a legitimidade dessa iniciativa e ele disse que era uma maneira inteligente de usar a plataforma: pessoa para pessoa. No caso, foi meu primo quem compartilhou. Se fossem os funcionários da campanha do Aécio que fizesse isso sem a minha autorização isso não estaria correto.
Também recebi e-mails marketing do Aécio, querendo falar diretamente com empreendedores. Acredito que tenha usado a base do Sebrae para esses disparos. Não houve qualquer tipo de autorização da minha parte, o que configura o material como spam, uma comunicação um tanto invasiva que soa mal para marcas e candidatos. Sei de amigos que receberam coisas semelhantes da Dilma também.
Gostei de ver a movimentação, embora os materiais, em sua maior parte fossem pouco esclarecedores e, a meu ver, incapazes de funcionar como elemento de decisão para o eleitor. De qualquer forma, a política é um terreno fértil para o desenvolvimento e conteúdo. Nos Estados Unidos, há agências de content marketing totalmente voltada para o assunto, com profissionais que trabalham não só nos períodos de campanha, mas o tempo todo, tendo o candidato ganhado ou perdido, sendo situação ou oposição. Muitas contam com repórteres especiais e jornalistas investigativos que estão constantemente em busca de novas histórias. E isso não acontece apenas para os políticos de cargos executivos. Políticos do legislativo também fazem um trabalho contínuo de divulgação do trabalho que está sendo feito e denúncias. Acho um modelo interessante porque prepara o campo para momentos mais decisivos.
Ana Carolina Barbosa (@ana2302) é sócia e diretora criativa da Cabrun! (@cabrunconteudos), agência de content marketing especializada em conectar marcas e pessoas por meio da gestão de conteúdos. É jornalista, especialista em mídias institucionais e em branding. Tem expertise no mercado de mídia e entretenimento, tendo atuado em publicações voltadas para o mercado audiovisual.
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