Quando seu site ganha certa relevância em buscas no Google para um determinado segmento, ofertas de troca de links começam a aparecer. Se você administra um site que tem relevância em SEO para determinadas palavras-chave, você provavelmente recebe emails com ofertas de parceria.
Até pouco tempo, esses emails eram esporádicos. Hoje, pela Tracto e em nome de clientes que também têm bom ranqueamento no Google em seus segmentos, recebo emails com propostas de parceria. Montei um exemplo usando apenas trechos das ofertas que recebi nas duas últimas semanas:
Olá, Tracto.
Sou Fulano da empresa Tal. Nosso blog passou de 400 visitas por mês no ano passado para mais de 100.000 neste mês. É um crescimento de 1.500%! Por isso, gostaria de propor uma parceria.
É o seguinte: no post X, publicado no seu blog, você faz um link para o post Y, publicado no nosso blog. Em contrapartida, fazemos o mesmo. Ou seja, publicamos um link para vocês.
Isso vai dar um ganho significativo de SEO para nossos blogs. E aí? Vamos em frente?
Abs,
Fulano
Minha recomendação é: recuse a oferta. Por três razões, que listo a seguir, da por ordem de importância.
#1 Não funciona
O que essas empresas estão propondo é uma técnica velha e manjada, chamada de “link-swapping” — ou troca de link, em bom português. Adam Clarke, expert em SEO, publica seu livro anualmente, sempre em uma edição atualizada com os últimos updates dos algoritmos do Google. Preste atenção ao que diz a edição de 2019:
Traduzindo: “Esqueça esquemas de trocas de link. São completamente óbvios para o Google. Ou não funcionam mais ou podem até mesmo prejudicar o seu site. Eles vão contra o senso comum”.
Publiquei um post no DINO, em que listei mais de 200 fatores de ranqueamento no Google vigentes em 2019 com base numa publicação no Backlinko. O item número 124 é igualmente claro: “a troca de links deve ser evitada”.
O livro de Adam Clarke e todas as outras publicações mais aprofundadas sobre SEO apontam na mesma direção. O Google sempre valoriza conteúdo original e de alta qualidade. Troca de links são uma tentativa de burlar essa orientação. É por isso que não funciona.
Em tempo: o resumo traduzido da edição mais recente do livro de Adam Clarke pode ser baixado gratuitamente.
#2 Não é SPAM, mas é arriscado
Os emails enviados não são uma oferta de parceria como parecem ser. São, na realidade, campanha em massa.
Não sei se eu chamaria de SPAM porque o remetente faz um trabalho prévio de seleção dos sites que receberão a oferta, ainda que usem ferramentas para essa filtragem.
Nomenclaturas à parte, nada muda o fato de que a oferta por email é enviada a uma quantidade enorme de sites.
E aí mora um problema técnico de SEO. O Google analisa a naturalidade dos links. Isto significa que, quando um site subitamente recebe e envia um volume alto de links, o Google liga um sinal de alerta. Há grande chance de haver uma técnica black hat — nome dado a trapaças para obter ranqueamento indevido, que o Google pune com perda de ranqueamento sem muita piedade.
Para ter certeza de que se trata de uma abordagem em massa, faça um teste. Ao receber o email de oferta, não responda. Aguarde uns dias e veja se um email de follow-up é enviado com uma mensagem do tipo “você recebeu meu email anterior?”. Esse email cobrando retorno é enviado automaticamente se o destinatário não responder ao anterior.
Não se engane: esse tipo de email é automático, uma vez que usa ferramentas de cadência com GMass, Reply.io, MixMax, Ramper ou similares.
#3 É injusto com você
SEO é um trabalho de longo prazo. Conquistar o primeiro lugar do Google é um troféu do qual você se orgulha. E leva tempo para chegar lá. Permita-me exibir o meu troféu não como um gesto de ostentação, mas a título de exemplo mesmo.
Na Tracto, começamos a escrever sobre content marketing em 2011. Naquela época, um evento realizado anualmente no Rio de Janeiro ocupava o primeiro lugar para esse termo. Fizemos por quatro anos o que a maioria das empresas que se preocupam com SEO normalmente fazem: publicamos conteúdo de qualidade, tomando os cuidados para ranquear nas buscas orgânicas. E alcançamos a posição zero para o termo principal lá por 2015.
Este é o nosso principal troféu. Você também tem — ou terá — o seu. E sabe que leva meses ou anos para chegar lá.
Ora, por que, então, outras empresas querem escalar rapidamente a pirâmide do SEO? Não é uma forma ilegítima de furar a fila? Elas não deveriam fazer o mesmo que você e eu nos propomos a fazer, que é investir em conteúdo de qualidade?
E aqui proponho um novo teste. Se o email que você receber contiver um link para o artigo que eles pretendem promover, clique nele por curiosidade. Você notará que, na grande maioria dos casos, o conteúdo é pobre, mal escrito, muitas vezes promocional. É o tipo de conteúdo que o Google não se interessaria em promover por caminhos naturais. Talvez por isso estejam tentando apelar para técnicas estapafúrdias de SEO.
Takeaways
Se receber oferta de troca de links, que é o chamado link-swapping, caia fora. Isso não apenas não dará resultado como pode também prejudicar o seu site. Quem faz esse tipo de oferta dá um sinal de não entender muito de SEO, que é um trabalho de longo prazo e que só se sustenta cumprindo aquilo que o Google pede: conteúdo de qualidade, focado no público.∞